Escrito por: #BarbaHard
Sonic é talvez o "Mario Killer" mais famoso de toda história dos videogames. Concebido pelo time de desenvolvedores AM8 da Sega, que depois do sucesso do jogo passou a se chamar Sonic Team, o único objetivo desse jogo era desbancar a franquia principal da Nintendo.
Todos da equipe da Sega sabiam que copiar a fórmula de Mario não traria resultados, então focaram no único aspecto técnico do Mega Drive superior ao seu rival Super Nintendo: capacidade de processamento. O resultado desse esforço foi um jogo fluído e principalmente veloz. Cada unidade nova do console passou a vir com Sonic The Hedgehog, tomando o lugar que era de Altered Beast, e o bordão "blast processing!" pegou no público ocidental. Isso fez com que o ouriço azul adquirisse ótima popularidade e se tornasse um ícone da era dos 16 bits.
Mas nem tudo foram flores para a franquia mais famosa da Sega. Sua transição para o 3D foi lenta e dolorosa. A série parou de se focar em equilibrar ação e velocidade e começou a se focar mais em sua narrativa. Como consequência surgiram diversos personagens novos, alguns deles considerados inúteis até mesmo pelo fandom.
Entretanto, Sonic Heroes parece que finalmente conseguiu conciliar os aspectos da franquia clássica em uma ambientação 3D. Lançado em 2004 para PS2, Xbox, GameCube e PC, foi um game que fez muito sucesso. Nesta análise falarei exclusivamente da versão de PC. Vejamos a seguir o que esse jogo tem a oferecer.
Conhecendo o jogo e suas novidades
Sonic Heroes é recheado de novidades. A primeira e mais notável é que não se joga com apenas um personagem, e sim com times de três componentes. Cada um do time tem um dessas três características: velocidade (speed), força (power) e voo (fly). Assim, o jogador tem que escolher o personagem que mais se adequa aos desafios que aparecem durante as fases. Por exemplo, às vezes é necessário quebrar uma parede, então é preciso escolher aquele cuja qualidade seja força. Ou, então, quando é preciso alcançar plataformas muito altas, caso para se recorrer a quem é especializado em voo.
Curiosidade: a capa brasileira para a versão de PC teve o nome do Team Chaotix grafado errado. Clique para ampliar. |
Falando nas fases, elas são longas, desafiadoras e cheias de ação do começo ao fim. Além de enfrentar os robôs do Dr. Eggman, será preciso também sobreviver a corridas com um carrinho de bobsled, ser arremessado por canhões, tomar cuidado para não cair das plataformas, descobrir onde estão algumas saídas etc.
Também é introduzido nesse game as level balls, que são bolinhas que melhoram as habilidades dos personagens. Existem no total três de cada uma nos estágios, totalizando nove por fase e, geralmente, estão bem escondidas.
Também é introduzido nesse game as level balls, que são bolinhas que melhoram as habilidades dos personagens. Existem no total três de cada uma nos estágios, totalizando nove por fase e, geralmente, estão bem escondidas.
O jogo conta com o retorno de alguns personagens: Shadow, que só estava hibernando no laboratório do Robotnik e não morto, como se pensava desde o fim de Sonic Adventure 2, e os Chaotix, que não davam as caras em um jogo desde o Mega Drive e aqui são um time.
Ao todo, são quatro equipes para escolher: Team Sonic, composto pelo ouriço azul, Knuckles e Tails; Team Dark, que traz Rouge, Shadow e o robô E-123 Omega; Team Rose, contando com Amy Rose, Cream e Big Cat; e, finalmente, o Team Chaotix, que conta com Espio, Charmy e Vector.
Nota: 7/10
Enredo
O enredo muda conforme o time, mas todos eles levam ao mesmo final. A história principal é a do Team Sonic, onde os heróis recebem uma carta do Dr. Eggman propondo o desafio de impedirem que ele use uma recém inventada super arma.
A história do Team Dark tem como ponto de partida quando Rouge invade a base do Dr. Eggman procurando por um tesouro, mas acaba causando um incidente onde desperta Omega E-123 que se descontrola e começa a atirar para todos lados. Shadow, que está em estado de hibernação, acorda e ajuda a acalmá-lo. Como ambos estão com amnésia, a morcega acaba os convencendo a formar um time.
Já no Team Rose, todos estão procurando alguém: Amy Rose quer se encontrar com Sonic, por quem sempre nutriu uma paixão, enquanto Big Cat quer achar Froggy e Cream deseja ver Chocola, irmão gêmeo de seu Chao de estimação, o Cheese (realmente adoro esses nomes!). Ao verem uma foto de Sonic correndo com Froggy e Chocola no jornal, o time resolve tentar localizá-los.
Enquanto isso, o Team Chaotix é um grupo de detetives cujos negócios estão indo de mal a pior. Charmy, entretanto, aparece com uma missão nova, onde terão que obedecer uma pessoa misteriosa. Como ela promete pagar bem a equipe, eles aceitam o trabalho.
Todas as histórias se entrelaçam, se interagem e chegam ao mesmo final. O enredo ocorre através de uma sequência de full motion videos que são compostos de animações em 3D muito bem detalhadas.
Os enredos, apesar de simples, cativam bastante e, no caso do Team Chaotix, cria-se um certo suspense acerca da identidade da voz misteriosa, o que condiz bastante com a proposta do time, que é a de ser um grupo de detetives.
Os enredos, apesar de simples, cativam bastante e, no caso do Team Chaotix, cria-se um certo suspense acerca da identidade da voz misteriosa, o que condiz bastante com a proposta do time, que é a de ser um grupo de detetives.
Nota: 8/10
Gameplay
Sonic Heroes tem dois modos de jogo: Story, onde o jogo realmente se desenvolve, e Challenge, que nada mais é do que o velho Time Attack de todos os outros jogos da franquia. Existe a opção de multiplayer, onde é possível se divertir com um segundo jogador apenas. Porém não se trata de um modo co-op: a tela se divide em duas e ambos terão que escolher um time diferente. Nesse modo, cada um dos dois jogadores deve cumprir 7 pequenos desafios, que por sua vez são desbloqueados no modo story no single player.
As fases são as mesmas para qualquer time, porém elas tem pequenas alterações dependendo de qual deles o jogador tiver escolhido. Como já foi dito, elas são longas, mas não são chatas. O nível de desafio em todas é muito bem equilibrado e a ação rola solta.
Muitas vezes é possível se lembrar dos jogos clássicos em 2D com a jogabilidade. Por exemplo: as fases bônus voltaram e elas tem uma pegada que lembra bastante Sonic 2. Para acessá-las é necessário achar uma chave no meio das fases e não levar nenhum dano até o seu final. Nas fases pares é possível pegar uma Esmeralda do Caos nesses bônus, porém apenas Sonic pode se transformar no Super Sonic.
Muitas vezes é possível se lembrar dos jogos clássicos em 2D com a jogabilidade. Por exemplo: as fases bônus voltaram e elas tem uma pegada que lembra bastante Sonic 2. Para acessá-las é necessário achar uma chave no meio das fases e não levar nenhum dano até o seu final. Nas fases pares é possível pegar uma Esmeralda do Caos nesses bônus, porém apenas Sonic pode se transformar no Super Sonic.
Fase bônus. Muito parecida com a de Sonic 2. |
Apesar de todos os times terem as
mesmas três características (velocidade, força e voo), cada um deles se comporta de
maneira diferente e os níveis de dificuldade estão ligados a eles. Por exemplo: Tails pode voar, mas por pouco tempo,
enquanto Rouge, que é uma morcega, aguenta mais tempo. Big Cat,
aparentemente, é mais forte que Knuckles, mas muito mais lento. Shadow
corre tanto quanto Sonic, mas é mais difícil de controlar suas freadas, o
que pode ocasionar na queda de uma plataforma e assim por diante.
O Team Rose representa o nível easy, e conta com um tutorial obrigatório antes do jogo. O
time com jogabilidade mais equilibrada Team Sonic, representando assim o medium.
O Team Dark é bastante difícil,
principalmente por causa da manobrabilidade de Shadow, que não freia tão rápido quanto Sonic, sendo assim é o nível hard.
Já o Team Chaotix é baseado em missões e requer dos jogadores que elas sejam cumpridas para se passar o estágio. Por exemplo, na primeira fase deve-se recolher 10 caracóis. Os personagens deste time são muito mais lentos que os outros, mas as outras habilidades parecem muito mais trabalhadas e especializadas. Além disso, cumprir alguns objetivos pode ser trabalhoso, fazendo com que eles sejam uma espécie de equipe para os jogadores mais pros.
Os controles são bons e respondem bem, seja no joystick ou no teclado. Mas uma coisa que me incomodou bastante é que não é possível customizar os botões no teclado, obrigando o jogador a ficar preso com a configuração de fábrica. Mas caso tenha um gamepad, é perfeitamente possível personalizá-lo.
Já o Team Chaotix é baseado em missões e requer dos jogadores que elas sejam cumpridas para se passar o estágio. Por exemplo, na primeira fase deve-se recolher 10 caracóis. Os personagens deste time são muito mais lentos que os outros, mas as outras habilidades parecem muito mais trabalhadas e especializadas. Além disso, cumprir alguns objetivos pode ser trabalhoso, fazendo com que eles sejam uma espécie de equipe para os jogadores mais pros.
Todos os times reunidos em uma imagem. Clique para ampliar. |
Outra coisa que incomoda um pouco é a câmera. Apesar de no geral ela ser "ok", às vezes parece que fica meio louca e não demora muito para bugar. Mas pode-se mudar o ângulo com os botões L e R do joystick, ou com as teclas CTRL e Shift e assim resolver problemas os de localização da teimosa.
No geral é um jogo fácil de se controlar, com um gameplay viciante e cheio de desafios, mas pequenos detalhes, como não poder remapear as ações no teclado e o problema com a câmera ajudam a descer um pouco a nota.
Nota: 6/10
Gráficos
Um filtro anti aliasing cairia bem. Clique para ampliar. |
Senti falta de um filtro anti aliasing no jogo, mas isso não atrapalha a jogatina em nada. Além disso, ele não fica tão pixelado assim e as texturas usadas são estonteantes. O pessoal de arte digital realmente capricharam nessa parte.
Apesar de tudo, o jogo é bastante leve e roda até mesmo num computador mediano, o que é uma grande vantagem.
Nota: 7/10
Sons e Trilha Sonora
Os sons são bem trabalhados, mas podiam ter usado mais a identificação sonora dos jogos clássicos. Os personagens conversam durante o jogo e o trabalho de voice acting é de um nível de muito bom gosto!
As músicas, por sua vez, tiveram o trabalho de direção musical de Jun Senoue, o mesmo cara por trás das trilhas de Sonic Adventure e Sonic & Knuckles. Sua banda, Crush 40, contribuiu com duas músicas: Open Your Heart e Sonic Heroes.
Músicas com trabalho vocal contaram com a ajuda dos vocalistas Johny Gioli, Tony Harnell e Ted Poley. Novos músicos como a Kay Hanley, o roqueiro Gunnar Nelson e a banda de rock Julien-K também fizeram sua aparição no game.
As canções fazem jus a um jogo do Sonic e trazem de volta a experiência dos jogos mais antigos, empolgando e divertindo o jogador durante as fases. Não fossem pelas músicas bem trabalhadas, talvez seria mais chato terminar desafios tão grandes quanto os estágios desse jogo.
Nota: 8/10
Conclusão
Se você pegou o Delorean do Dr. Brown, voltou para 2004 e quer a experiência dos jogos clássicos da franquias em uma ambientação 3D que lembre Sonic Adventure, então Sonic Heroes deverá ser sua escolha. É bem verdade que outros jogos mais modernos, como o Colors e Generations, trazem essa experiência de uma maneira mais completa. Entretanto não dá para negar que Sonic Heroes é um ótimo jogo e que seu fator de diversão é realmente alto.
Quando peguei o jogo, não estava esperando muita coisa, pois muita gente dizia que é só um Sonic Adventure melhorado. Não sei de onde tiram essa concepção, afinal, no Heroes muita coisa nova é apresentada, inclusive na jogabilidade. Um fã hardcore do ouriço azul tem a obrigação de conhecer esse game, e mesmo quem não é familiarizado com a franquia vai achar divertido.
Agora vamos recapitular as notas:
Novidades: 7/10
Enredo: 8/10
Gameplay: 6/10
Gráficos: 7/10
Sons e trilha sonora: 8/10
Nota final: 7,2